
Ilha do Frade, 2009
Ficava ali, lá, depois do outro lado
Como lampejo lento de êxtase sem fim
De lugares, árvores, flores e amores
Em um rio de água salgada, cuja nascente
São olhos fundos, castanhos, míopes, pequenos
Onde escorrem elas, lágrimas lubrificam a mente
A ponte alta por cima das frutas do mar
Colhidas ou roubadas depois do muro
De prédios, telefones, luzes, encontros
No sistema egoísta, falso, feliz obscuro
Pregado na cruz, seco não sabe amar
Capataz algoz da cruzada cheia de virtude
Sacrifício alheio sem querer, não correspondido
Faltou veneno, feridas e cicatrizes
Ser amado é muito mais que ser o preferido.